terça-feira, 24 de maio de 2011

Causos - A carta

Depois de falir uma padaria, passei um bom tempo sem me interessar por alguém. Embora, as vezes me pegasse suspirando pelo tal mocinho, caixa da padaria... Mas, com o tempo esses suspiros foram diminuindo e fui cuidar de outras coisas. Dentre elas, a minha espiritualidade.

Minha família nunca teve uma religião definida e meus pais nunca me obrigaram a seguir uma religião ou algo do gênero. De repente, seguíamos algumas convenções do catolicismo por tradição, condicionamento. Até que um dia eu senti falta de algo que preenchesse essa lacuna. Acreditava que deveria ter fé em algo, ter uma religião bem definida e praticá-la de fato. Assim, voltei a frequentar a igreja católica. Como já havia feito a catequese e primeira comunhão, procurei o curso de crisma. Durante este curso tive contato com diversos grupos de jovens que atuavam dentro da igreja de diferentes maneiras. Resolvi entrar para o grupo de canto que cuidava das missas das 19h de domingo. Adorava cantar (ainda gosto, mas hoje tenho ciência de que cantar não faz parte de minhas virtudes rs) e como já havia participado de alguns corais, essa foi a forma que encontrei de participar mais ativamente na igreja. A partir daí virei o que muitos chamam de ratinho de igreja. Muita correria para ensaiar os cantos, preparar as missas e eventos que ocorriam na igreja, como por exemplo, bingos, bailes e quermesses. E claro foi nesse universo que surgiu mais um causo.

Quando eu menos esperava, nem mais pensava em amores, paixonites; pelo contrário, até pensei em ser freira nessa época, surge um novo baterista no grupo. Um moço bonito, educado e tímido. A sua timidez era o que mais me chamava a atenção. Adorava aquele jeito acanhado... ah e como poderia esquecer, adorava sua voz grave... Quando ele fazia algumas participações nos cantos me tremia toda... Por muito tempo alimentei essa paixonite silenciosamente. Pois eu também era e ainda sou muito tímida quando se trata desses assuntos. Porém, um dia fui tomada pela coragem e resolvi que iria me declarar. Não sabia como, mas iria. Como sempre me dei melhor com as palavras escritas do que com as faladas resolvi escrever uma cartinha. Talvez as revistas que eu lia na época tenham me influenciado também. Pois, embora “religiosa”, tinha também meus caprichos de menina e lia minhas revistinhas femininas. Cada bobagem rs. E ainda sobraram alguns vestígios dessas leituras, como por exemplo, me pegar lendo páginas sobre comportamento, dietas e horóscopo...

Voltando a carta. Após decidir que a escreveria e como a escreveria, fui correndo a papelaria comprar o papel de carta mais charmoso, o envelope mais bonito, a canetinha com mais gliter e enfim me declarar e acabar com essa agonia, liberar esse amor... E no dia seguinte lá estava eu em frente a sua casa, tomando todo cuidado para não ser vista, colocando a carta em sua caixa de correio.

Chegou o final de semana, mais um encontro do grupo e eu ansiosa para saber qual seria a reação. Para a minha tristeza nada acontece. Passaram semanas, meses e nada aconteceu... E eu nunca tive coragem de perguntar a ele sobre a carta. Prosseguimos agindo como se nada tivesse acontecido. Com o tempo, a frustração fui perdendo o interesse... Surgiram novos questionamentos, novas ideologias, novas formas de encarar a vida, a espiritualidade e como consequência a igreja não me bastava e me afastei dela. Com isso perdi contato com essas pessoas e até hoje não sei se o moço tímido, de voz grave leu minha cartinha apaixonada...


sexta-feira, 20 de maio de 2011

Aos garotos de aluguel...

Enquanto a falta de inspiração e a preguiça me impedem de contar mais um causo, vou comentar sobre um vídeo bastante singelo que muitos de vocês já devem ter visto: Oração – A banda mais bonita da cidade.





Achei o clipe bem feito e retrata o amor de uma forma bem pura, inocente. E o fato de a letra ser repetida diversas vezes nos remete a uma oração de fato. Assim, resolvi ir atrás de mais informações sobre a banda. E me deparei com um outro vídeo,





 muito menos acessado mas que me chamou muita mais atenção: Aos garotos de aluguel. Na verdade não o vídeo em si me chamou a atenção, mas a letra:

“Ela me chama quando quer eu penso se vou lá
Me envolve num ardil qualquer querendo me enganar
Essa situação não quer chegar a um final
Eu sou garoto de aluguel mas não vão me comprar
Eu vou te dar o teu prazer
Mas com amor é mais caro
Com amor é mais caro
O meu amor é o mais caro
Me diz quanto você pode pagar”

Quantas vezes não fomos os tais garotos de aluguel? Ou quantas vezes não alugamos alguém? Quantas vezes não usamos pessoas, sentimentos como moeda de troca, para apenas suprimos necessidades? Consequência de um mundo cada vez mais individualizado? Onde a correria é tanta que nos falta tempo para o que realmente deveria ser importante? Talvez... De repente, por isso um clipe tão singelo tenha chamado tanto a atenção...

quarta-feira, 18 de maio de 2011

O inicio

Ainda estou um pouco confusa, não sei bem como vou contar os “causos”, se será em ordem cronológica, se contarei todos, enfim, muitas dúvidas... Como minha “vida sentimental” anda um pouco parada, embora, alguns acreditem que estou apaixonada, outros que estou na minha melhor fase de pegadora, e a mais engraçada das suposições, que eu comecei e terminei um relacionamento recentemente. Caí em gargalhadas quando recebi esta notícia. Engraçado como as pessoas inventam, se apossam de situações, pessoas, sem ao menos comunicá-las. 


Bom, fica a dica, quando você resolver iniciar um relacionamento com alguém comunique este alguém. Pois é no mínimo estranho iniciar e terminar um namoro sem que a outra pessoa saiba. Mas, isso é assunto para depois ainda estou muito abalada psicologicamente rs.

Apesar destas suposições, creio que estou mais para os trechos de Sem Companhia de Ivor Lancellotti e Paulo César Pinheiro:



Agora estou num cais
Onde há uma eterna calmaria
E eu não aguento mais
Viver em paz
Sem companhia.”


E sendo assim, resolvi começar pelo começo. Pelo primeiro amor, primeira decepção, primeiras descobertas...
Muitos anos atrás, minha cidade natal era ainda mais pacata e meu super bairro de 4 ruas então nem se fala. Qualquer coisa era um grande acontecimento, até mesmo a inauguração de uma padaria. A tal padaria que se instalou quase na esquina de minha rua seria o cenário de minha primeira paixão.


Com uma padaria próxima a minha casa passei a ser encarregada de comprar os pães e os demais ingredientes para o café da manhã. Em uma dessas compras, me deparei com um mocinho bastante simpático que ficava no caixa. Começamos com algumas trocas de olhares, sorrisos tímidos... De repente, tudo era pretexto para eu ir a padaria. Até mesmo os cigarros de minha mãe, os quais eu detestava. Com o tempo vieram os brindes, uma balinha a mais, um docinho, um pão, um aperto de mão, pequenos diálogos... Quando ele passava em minha rua aos fins de semana em sua motocicleta meu coração acelerava... Mas não saía disso...


Foi então que percebi que não dominava a arte da sedução (e ainda não domino até hoje), que não possuía a malícia, a desenvoltura das outras meninas (ok, ainda não possuo rs, mas cada um com seus atrativos). E isso ficou ainda mais claro quando certa vez fui fazer minhas compras e o vi aos beijos com a filha do quitandeiro. Meu mundo desabou... Passei odiar aquela padaria... Por sorte esta faliu pouco tempo depois e trocaram-se os donos e funcionários. Minha primeira paixão, minha primeira decepção, meu primeiro encosto... o Ursinho Pooh.










terça-feira, 17 de maio de 2011

Apresentação

Olá!

De uns tempos pra cá um assunto anda bastante presente em minha vida. Amores, relacionamentos, ou melhor, a falta deles rs. Estranho, pois isso foi algo que sempre deixei em segundo plano. Talvez isso seja culpa da super mulher em que tentei me transformar. Ao longo de anos criei uma faceta forte, independente, enfim auto suficiente. Somente eu me bastava. Amores, relacionamentos pra que? De repente para cobrir carências de ordem “fisiológica”. Nada contra casualidade. Adoro encontros casuais e creio que as vezes são até necessários. No entanto, só casualidade pode ser tornar cansativo, vazio...

Bom, acreditei nessa faceta forte na maior parte do tempo. As vezes caia em leves depressões, crises de choro e outras coisas do gênero, ao perceber que não era tudo aquilo que eu imaginava ser. Mas logo me recompunha e a sombra da autossuficiência voltava. Com isso fui escondendo várias faces de mim, vários sonhos... Não que isto tenha me transformado em uma pessoa frustrada. Muito pelo contrário, estou numa ótima fase, feliz, rodeada de pessoas queridas (mesmo que algumas estejam distantes...), o que permitiu me redescobrir, perceber que aquelas faces escondidas gritam por um espaço, que ainda sou incompleta mas que posso lutar pelas coisas que supostamente me completariam.

Uma das faces escondidas que berram em meu interior é a de escritora. Tentei muitos anos atrás escrever poemas. Porém, sempre os achei horríveis e acabei os jogando fora, sem se quer alguém ter lido. E com o tempo, com a vida acadêmica, os livros, escritos não relacionados a matemática aplica, programação linear foi perdendo espaço rs. Outra face latente no momento é aquela que quer descobrir os sabores de uma paixão, de um amor talvez. Embora a ideia ainda me assuste e muito.

Sendo assim, resolvi juntá-las nesse blog, no qual contarei meus causos de amor, ou melhor de algumas tranqueiras e cia que apareceram ao longo de minha vida (real ou fictícia?), pois quem me conhece sabe que sou uma formosa curva de rio. E outras coisas relacionadas a relacionamentos e coisas que me vier a cabeça. Pode parecer clichê, há vários blogs, sites, livros tratando dessa temática mas foi o que me veio a cabeça no momento... Pode ser que não dure muito, pois como uma boa sagitariana sou extremamente mutável, mas que seja bom enquanto dure...