Após meu primeiro relacionamento casual descobri o tesão intelectual. E que de fato inteligência é extremamente afrodisíaca. Nada como uma pessoa com quem nos sintamos a vontade para conversar, expor ideias, discutir.
Visitava uma amiga constantemente, éramos praticamente vizinhas. E no ambiente acolhedor em que morávamos era fácil fazer amizades. Numa dessas conheci um de seus vizinhos e nos tornamos amigos. Conversávamos horas a fio sobre diversos assuntos. Me sentia muito a vontade em sua companhia a ponto dele saber o que eu queria expressar através de meus olhares. Enfim, uma amizade bastante gostosa. Eis que chegam as férias. Alguns meses sem nos falarmos, sem enviar notícias. Distanciamento.
Ao retornar como de costume fui visitar minha amiga. Eis que recebo um abraço bastante caloroso. Demasiado caloroso. Era a retomada de minhas longas conversas. Porém nesta noite havia algo de diferente. O tesão intelectual necessitava de outras coisas além de palavras. De repente me deparo com um belo sorriso, tá não era tão belo assim, o rapaz era um pouco mal diagramado mas o encantamento superava e na hora o sorriso era belo. Mãos quentes atravessando meu vestido, palavras ditas simultaneamente, o discurso indecente e os beijos deliciosos... Nosso tesão intelectual havia encontrado outras esferas.
Chego em casa totalmente decomposta, descabelada. A nova moradora de minha casa me olhava assustada. De repente ouço gritos. Minha amiga anunciando para Deus e o mundo os novos acontecimentos. Fiquei putissima. Mas coisas piores estavam por vir. A amiga resolveu agir de cupido. Nos juntar a qualquer custo. Eis que tudo foi abaixo. Acabou o tesão. Passamos muito tempo sem nos falarmos.
Até que muitos anos depois, numa fase horrível em que nada dava certo pra mim recebo um telefonema. Alguém arrependido das falsas impressões causadas pela “amiga-cupido”. Um convite para conhecer uma nova cidade. Um convite para nos revermos e talvez acender o tal tesão intelectual. Não me recordo os motivos mas não o aceitei. Passa um tempo, bate o arrependimento. Dessa vez eu tento retomar. Conversamos por longas horas como de costume, no entanto, não senti o mesmo entusiasmo do outro lado da linha... Distanciamento. Mas dessa vez as férias não acabaram...